quarta-feira, setembro 09, 2009

Pai - alma que minh´alma ama

Pai

Que dia hein? 09 de setembro de 2009....
Mais um 9 de setembro...
Então Pai, setembro anuncia a chegada da primavera...
e mesmo que eu não soubesse seria, pra mim, a chegada da primavera
Você semeou minha vida com minha Mãe, adubou com terno amor sempre
Não se ateve a ser um mero pai, foi um pai-poeta, foi um pai-eureka:
Quando me levou ao mar, não foi apenas para apresentar ao mar apenas
Foi para me dar ciência da essência humana, mensurar a vida, ver o oceano interior
a unicidade das coisas boas, a gota que se torna imensidão e ganha consciência plena
Ao me levar no circo, me proporcionava visões mágicas, tocava meu ombro pra observar algo além -
se preciso até me levantava para ver o que estava por trás e me esbugalhava os olhos...^^
Na saída, ao vermos um palhaço com guarda-chuva cheio de pequenos guarda-chuvas ^^
Disse: Vai, converse com ele... e eu fui - sentindo um palhaço me conduzindo a outro
Pois enches minha vida de cor, minha infância de doces e encantadas descobertas...^^
O primeiro brinquedo, as viagens aventureiras, as madrugadas que acordava cedo pra viajar contigo...ai quão gostoso é...
Das inúmeras vezes que ia para a sub-estação da coelba, e você lá, vendo 'Sem Censura", saboreando inúmeras laranjas .. ora e outra fazia a rotina, colocava as botas, o capacete, ia lá fora, fazer chegagens... ^^ Pequenas coisas - gigantescas lembranças
Testemunhava sua calma, seu ócio criativo, os desenhos de geometria perfeita, circulos dentro de circulos e no fim , davam formas fascinantes aos olhos...^^
Madrugadas que levantava da cama, descia as escadas, ouvia a TV baixinha soar vozes....e lá estava você, assistindo Jô Soares.... ^^ entrava de mansinho, perguntava quem era, depois sentava... fazia outra perguntava, rss, vc dizia: ''perae, quero ouvir aqui...rs''
Já bastava o som da faca descacando a laranja, cortando ao meio, logo depois, ao tirar a faca do corte, conduzia até a boca, e lambia a ''pequena poça'' que ficava na lâmina da faca e passava entre os labios, como a máquina de escrever correndo de um lado ao outro...rsrs...^^
e não deixava uma gota de suco no que restava da laranja ao fim....

Pai, inúmeras são as lembranças, as marcas que ficaram e surgem sempre...
Você é uma virtude em mim!
Você é um exemplo de naturalidade, de encarar a vida com uma sapiência tremenda e ao mesmo tempo com soberbo instinto arcaico, no prazer de trabalhos manuais obsoletos, coletivos, filantrópicos...
Você, em seu ambiente, só de pensar, canalizar energia positiva, exalar amor, já inunda de boa ventura tudo ao redor

Feliz Aniversário, Painho
Abraço eterno
Te amar é realmente viver - pois vejo a unicidade de ver tudo em tudo ^^
Namastê

segunda-feira, maio 18, 2009

pegadas na areia cabana de criança


a saudade das pegadas na areia
do som do teu riso, do teu olhar tentando contemplar o céu e sua esfera
nossas mãos dadas, soltas, entrelaçadas, soltas, beijadas...
a saudade de nossa pressa em abrir o presente um do outro =)
do sono que chegava e você espantava perguntando:
- Amor, qual o sabor você prefere? Da pizza amor?
a saudade das nossas corridas para pegar o ônibus que ia saindo do ponto
não sabíamos se ríamos ou gritávamos: - Motor! Ei! Esperaaaa...!...!...
a saudade do cansaço disperçado depois de sentar na poltrona
olhando árvores distintas, o ocaso que prenunciava mais uma noite a vir
o discreto prazer de colocar a mão pra fora e sentir o vento dançá-la
...
a saudade da saudade breve - minutos esperando você voltar da escola
você chegar suada, lavando o rosto, molhando a sala, deitando na esteira
seu gosto de comer arroz com vinagre e feijão enquanto eu tomava mingau
saudade do seu olhar quando me viu voltar da viagem longa...longa...
da sua feição sorridente ao ver uma criança sorrindo na frente do espelho
do seu olhar triste vendo que a fome regride nossa humanidade na esquina
ah, lembrei...
a saudade do dia que enfeitamos a praça para a festa de são joão
nossos amigos vieram com cartolinas (rsrs), futuras bandeirolas
ficamos cortando no banco da praça - colorindo o chão - parecia piraça para o cinza que mal clareava, exceto quando jogavam pipocas para os pombos
saudade da madrugada de insônia a querer falar de todos os sonhos numa noite
saudade do teu francês diante do meu francêsguês - a bientot mon doux
a chuva nos cortejando a caminho do mar - como foi gostoso - dois molhar =)
do seu carinho ao ajeitar meu travesseiro, beijar minha testa, ver meu bocejo
saudade do carteiro que trazia tua letra, teu cheiro, a impressão da tua alma
tua postura correta quando falavámos de RPG, LER e conteplava a arte Monet
teu dengo quando eu falava do teu encantado olhar, da tua beleza sem par
saudade do teu afago quando eu sentia falta da minha avó, do meu cão, do meu velotró, do meu baú, do jardim de infância, da amada pró, de John Lennon, de Castro Alves, de Raul Seixas & o Cortêz - Capitche!
Saudade dos dois frames que te via levantar com olhos tão doces - queria aquele mirar...
saudade da fogueira na beira do rio, roda de viola, amigos, vinho e você no meu colo - com frio
e dizia: - amor, você está coberto? Esfregava a mão em meu braço, perna, coração =)
te levando no colo para a cabana - seus olhos fechando e abrindo, piscava como as estrelas da madrugada...saudade de nosso sono moldado pela terra
saudade do nosso despertar - brâmido do mar, ventania querendo levar o cobertor. você puxava a coberta, cobria o rosto, depois sorria e me puxava pra cama. Fazia uma "cabana de criança" - levantando as pernas e os braços, pedindo minha ajuda... saudade daquela luz laranja dentro da cabana de criança, dos nossos beijinhos matutinos...
E...
a maior saudade...
a saudade do que virá

domingo, abril 19, 2009

A fonte



Se descortina diante de nós um horizonte de vileza
um rio transbordante de mágoas, de oléo negro, sem sutileza
fecho os olhos e a ardência é maior do que estar diante de cenários inóspitos
(tosse...)
Não sei como respirar sentindo um cheiro mais azedo que fel, e vendo trasncorrer mel dos meus bolsos cheios de planos azuis
(espirro..)
A poeira que me inunda não sai dos galpões da arte que um dia vi construir com tanto esforço...
sai das mineradoras onde crianças se esfolam arduamente por centavos, por impérios incrédulos
(espanto..)
Como? Como o homem deixou as árvores, raízes que permeavam a terra com tanto esmeiro, sustentando o sulco da vida, a seiva serena do fruto sabor, como deixou elas encolherem, retorcidas, vencidas pelo descalabro tinhoso desse sistema mórfico...
(lágrimas...)
Ao menos uma criança arrasta latas de frutas industrializadas, fantasiando um trem, com vagão dos avós, onde tem balanças, onde tocam flautas para embalar seu cochilo; vagão dos pais, tios, professores, onde tem mesas para jogarem dominó, xadrez e baterem um papo... e o vagão das crianças, onde passeiam cães e gatos, entre bolas, apitos, pirulitos e velotróis....
ao menos ela se açanha quando ver uma música tocar, quando vê um palhaço (descolorido, faminto, maltrapilho) sentado no batente quente da fábrica que tomou o lugar do circo...
(soluços...)
Preciso encontrar a fonte, a fonte onde tudo se inicia, onde posso beber mais do que água fria...
Lá, lá deve ser quentinho, como o ventre da mãe... lá poderei deitar, seguramente não irei tossir, me espantar, chorar nem ter soluços...
(caminho para a fonte...e diante da fonte, encontra um espelho)

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Havia vastidão em verde

Havia vastidão em verde

Havia uma vastidão em verde
Agora ver-de
há uma vastidão tamanha e dispersa
e há beleza também
Há uma arquitetura sublime na amplidão
Cores se contrapondo e pondo um tom leve
Convidativo para uma chuva
Compátivel ao mais forte sopro do vento
e há também a sensação de maciez nesse monte
paradoxo aos asperos galhos, mas há !
Serviria de esponja para lágrimas cadentes
Para seres machucados, enxarcados de ver
tanta vida
tanta gente
tanto verde

E agora... Ver-de como se encontra alento nesse campo sedento
sedento de olhos atentos aos seus encantos serenos
deixem ao menos o suor, o calor de sua presença emanar este campo com mais vida
Porque vida já há!
E há uma vastidão tamanha... enigmaticamente tamanha

terça-feira, janeiro 27, 2009

O "se" no auge; o "sí" no apogeu



O “se” no auge; o “si” no apogeu


Se uma semente fosse plantada
e com amor cultivada
e os frutos distribuídos
para vizinhos e entes queridos;
Como haveriam estranhos?
Como haveria carência?

Se os olhares fossem trocados
com sincero gesto e afago,
E os cumprimentos fossem dados
com franqueza e amparo;
Como haveriam solitários?
Como haveriam mal-amados?

Se os “lideres” cuidassem
do povo
Como os pastores cuidam
das ovelhas,
e as promessas fossem reais,
alheias ao sentimento materno;
Como haveriam mendigos?
Como haveria inanição?

Até quando escreveremos o “se”?
Até quando viveremos pra “si”?
Até quando será normal ver
criança passando fome?
Até quando será banal ver
jovens fora da escola...
cheirando cola?

Éder Carneiro Cardoso e Silva