sexta-feira, maio 16, 2008

120 de Abolição ... Façamos uma Nova Áurea ....<>

Abolição já!

Vamos! Abolir a desigualdade

Vamos! Aderir a liberdade

Vamos! Ser uma irmandade

Nessa era de fúteis regozijos

Vamos! Abolir a Lei Áurea

Não se enganem com o passado

Façam já uma Nova Áurea

Defira a eles o que é direito

Torne o Brasil uma Nova África

Faça luzir a amplitude impávida dos pilares deste chão lavrado

Pelo suor e pelo sangue dos heróis do Novo Mundo

Vamos! Não queiram que as gerações vindouras - seus netos - esqueçam

Desse valor, pois o tempo distorce o decreto da Era imperial

Vamos! Instituir já esta Áurea Nova, Completa!

Em prol dos futuros homens desta terra

Vamos! Não nos fitemos com memorandos de redenção

Exerçamos em hora os ideais de uma nação constituída de raças

Que se sobrepõem colocando-se lado a lado

Um Condor passava sobre o mar negreiro e adentrou ao navio insóbrio

Saiu antes de esmorecer pelo horripilo espírito que jaz ia resplandecer

Contudo, carregou a tocha aclamante da liberdade para clarear o pesadelo

Visto pelos homens que enxergara um “sonho” com tamanha insanidade

Repudiando a lucidez ao consentir com a barbárie

Vamos! Ainda estamos inertes, dormindo na lama da vaidade

Nossa pupila ainda enxerga pobreza e inferioridade

Naqueles que a natureza deu vigor e humildade

Oh! Ainda se vê acepção, ainda se fala em superioridade

O Sermão da Montanha deveria ser atualidade

Vamos! Tenhamos consciência do sangue que jorra

Na veia dos descendentes

Este sangue traz aos seus corações as lamúrias

Ecoantes dos que gastaram a vida nas senzalas, nos açoites

Não basta se redimir, dar menções honrosas, além disso, e principalmente,

Dê-lhes seu coração, lugar na sua alma...

Até que um dia não se falará mais nisso

Não se verá mais soluços e vestígios de dor

Nem pautará as leis para este dispor

Haverá tamanha comunhão

Em um estado de igual magnitude e tão comum equanimidade

Que as memórias até então imemoráveis serão transladadas

Ficará a singela afeição pelos lírios dos vales que o fizeram

Lembrar que houve espíritos nobres que inundaram a terra

Com amor sem cessar

Homens audazes, que plantaram clamores e colheram fervores

Da nação almejada

E ver-se-á um Condor voar para os Andes

E ali fitará o mar onipotente, límpido

Coberto de um manto alvo - mais que a neve - que ele tecera

Um poeta será homenageado sempre

Com tanta avidez e espiritualidade

Que o pulsar do coração rimará:

Castro Alves

Éder Carneiro Cardoso e Silva