quinta-feira, março 20, 2008

'Soneto' à musa

Óde à poesia, lua, musa e tudo que conspira

Numa madrugada pouco fria sem estrela cadente
Estava na varanda admirando a lua carente
E pensei: como pode tanto brilho reluzente
Não lhe render mais que a glória de clarear a noite dos amantes

O seu altruísmo em refletir a luz do sol
Faz com que a noite não adormeça o girassol
Mas uma musa adormece enquanto o poeta tece
Seus versos embalados na onda do universo
Que une a lua, a musa e o poeta

Ela estava debruçada na cama de lençóis claros
Senti que exalava e flamejava um fluir intitulável
E me vi fascinado por uma imagem geralmente normal

Era inexplicável e ao mesmo tempo tão explicito
Que ao seu redor havia uma áurea que encantava a noite calma
E minha áurea fascinada a sua áurea contornou

O encanto do sono se revelou
O perfume das tulipas roxas lhe foi destinado
Ela que chamo de musa
Ela que chamo de chama da minha poética

Senti a lua incidir seu brilho com mais intensidade
E as estrelas loucas, querendo me cativar
E roubar a atenção que não conquistava na cidade

Voltei à janela, afaguei-a de longe
Repousei, respirei fundo e senti a paz de um monge

Éder Carneiro Cardoso e Silva