sexta-feira, maio 26, 2006

Percepção de um sentimento - "Ela em mim"




Ela em mim


O frio é sua ausência
Sinto calor com sua presença
Mas você passa e olha pra mim sem emoção
Pergunta se estou bem, com um ar de esnobação
E eu volto pra casa sozinha, pensando em você
Fico vendo o jardim pela janela – as flores exalam seu perfume
As borboletas vem adorná-las com seu pouso, seu beijo
E procuro em mim o cheiro que te atraiu outrora
Não encontro, e perco a certeza de tê-lo algum dia
Dormir agora não é mais romântico
Não tem mais abraços, pernas entrelaçadas, cheiro no pescoço
Tomar café ficou frio, não tem mais frutas frescas cortadas com carinho
Beijos melados de mel, prato compartilhado com queijo e pão
E os olhos brilhantes de contentamento ao se encontrarem
Não há mais prazer em fazer o almoço cotidiano
Não escuto mais os elogios nem os suspiros ao meu ouvidos
Assistir um filme numa tarde fria é mais frio quer se molhar na chuva
O cobertor se torna gelo sem a pulsação do seu peito sob meu rosto
Durmo sem tomar café para evitar lembrar dos belos instantes
Em que chegavas em casa trazendo rosas e chocolates – e beijos
Esquecíamos o café, íamos pra varanda, você me colocava no colo
Recitava poesias olhando para as estrelas, olhando meus olhos
Hoje, sem você, pude perceber outro sentimento, que me mantém viva
Um sentimento que parece estar em nós desde o principio, é vizinho sempre
Ele não precisa nos tocar sempre, nos beijar para nos fazer bem, nos amar
Ele nos encontra nos momentos mais alegres, e nos tristes dias que vivemos
Afaga nosso coração sem cerimônias, deixar um rastro de saudade, e volta
Quando olhamos a lua, sentimos sua presença, pois ele também nos graceja sempre
Este sentimento denomina-se amizade
Este amante chama-se amigo
O frio passa
O calor volta aos corações
A paixão bate a porta

Éder Carneiro Cardoso e Silva
26/05/2006
17:47

quinta-feira, maio 25, 2006

Mensagem de Amor pela Vida , pelo Ser Humano




"Se eu pudesse deixar algum presente a você... Deixaria acesso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo a fora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. Deixaria a capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável: Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: O de buscar no interior de si mesmo, a resposta e a força para encontrar a saída".
(Gandhi)

quarta-feira, maio 24, 2006

Araras da Liberdade


O pássaro e a alma

O homem que coloca um passarinho na gaiola
Faz o mesmo com a alma, impedindo-a de voar
E ao escutar o canto do pássaro ele acha que é alegria
Mas ao ouvir o murmúrio da alma sente-se em agonia

A alma que canta, clama à liberdade para fazer-vos livres
Livres da injúria bebida, da exacerbada racionalidade
Livres do egocentrismo, do desprezo pela origem divina
Todas as almas são gêmeas, todas são princípios da harmonia

Aquelas que são abafadas pelo pensar cru dos homens
Ficam no fundo do coração aguardando a alforria
Para impedir com azáfama que suceda o próprio perecer

Quando rompem as correntes e transladam no coração
Dão primor e encantamento pelo simples acarinhar do vento
E revogam-se contente, no canto absorvente do pássaro a bailar

Éder Carneiro Cardoso e Silva
17-05-06
Resplandecerá no céu do Novo Mundo as Araras da Liberdade...

domingo, maio 21, 2006

Caminho por casa


Caminho constante


Eu sempre sigo algum caminho, é minha condição humana
Eu nunca penso se estou sozinho, sempre sinto sua presença
Faço das pedras percalços para permanecer onde tudo emana
Ponho a mão no bolso para não sentir o frio da insana descrença
.
Começa a chover, a terra transpira, agradece aos céus com frescor
As aves vão para o ninho afagar os pequenos alados sem imunidade
Eu fico junto a uma árvore que relembra o manto de mãe; terno amor
Meu coração sente-se em casa, minha alma não quer voltar pra cidade

O céu termina sua graça e o arco-íris contempla o horizonte convidativo
Meus passos agora estão mais lentos, não tem pressa em sair desse campo
Cada orvalho, cada lírio, cada canto que ouço cria mais uma raiz no solo cativo

Quando piso o último pedaço deste campo, os meus olhos enxarcam-o em prantos
Percebendo o retorno do martírio, a natureza deserdada pela terra de tolos encantos
E já sinto a falta do manto, da chuva, da ave, dos lírios que me apresentaram o eterno campo

Éder Carneiro Cardoso e Silva
21/05/2006 -23:32