Todas as lembranças comprimidas
Cabendo em um só pensamento...
Como...
Eu vivi, eu tentei, eu quis...
Eu aceitei, eu traguei a vida
Na maioria das lembranças meu peito está escancarado
As lágrimas sobrevoam além das nuvens
E num prisma inesperado colorem meu horizonte infantil
Na profundidade do olhar que parece não focar nada
A textura da minha pele vai mapeando o tempo
Se o meu rosto não é tão suave, as lembranças são ainda mais leves
Se a barba enrosca atrevida nas unhas, não posso acordar tarde
Retenho-me à quietude do despertar, onde por um segundo não sei de nada
E é tão saboroso este breve instante - tão resplandecido de naturalidade
Nem a gravidade é notada, o espreguiçar esboça um voo, que logo se vê que é tolo
Cerro os punhos, concentro a força na mão contraída - sinto o ânimo
A pele recorre ao sangue que percorre os estreitos caminhos da carne
A carne que estremece, que obedece até a mais tola das emoções
Sobretudo, as emoções atemporais
Que não tem validade nem morre no cais
Sobrevive às tempestades e às bússolas quebradas