sábado, outubro 01, 2011

no blind no

Todas as lembranças comprimidas

Cabendo em um só pensamento...

Como...

Eu vivi, eu tentei, eu quis...

Eu aceitei, eu traguei a vida

Na maioria das lembranças meu peito está escancarado

As lágrimas sobrevoam além das nuvens

E num prisma inesperado colorem meu horizonte infantil

Na profundidade do olhar que parece não focar nada

A textura da minha pele vai mapeando o tempo

Se o meu rosto não é tão suave, as lembranças são ainda mais leves

Se a barba enrosca atrevida nas unhas, não posso acordar tarde

Retenho-me à quietude do despertar, onde por um segundo não sei de nada

E é tão saboroso este breve instante - tão resplandecido de naturalidade

Nem a gravidade é notada, o espreguiçar esboça um voo, que logo se vê que é tolo

Cerro os punhos, concentro a força na mão contraída - sinto o ânimo

A pele recorre ao sangue que percorre os estreitos caminhos da carne

A carne que estremece, que obedece até a mais tola das emoções

Sobretudo, as emoções atemporais

Que não tem validade nem morre no cais

Sobrevive às tempestades e às bússolas quebradas